Ministério Público faz operação contra esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e cartel na Novacap
Servidores aceleravam pagamentos para empresas ligadas a execução de obras públicas em troca de propina de 2% sobre valor pago; total desviado é de R$ 110 m...

Servidores aceleravam pagamentos para empresas ligadas a execução de obras públicas em troca de propina de 2% sobre valor pago; total desviado é de R$ 110 milhões, segundo MP. Novacap afirma que desconhece íntegra da investigação, mas que colabora integralmente. Ministério Público faz operação contra esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e cartel na Novacap O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) fez, na manhã desta quinta-feira (12), uma operação para combater um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de cartel dentro da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) – empresa do governo de Brasília que executa obras de interesse do Estado. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Segundo a investigação, entre 2021 e 2022, servidores da Novacap aceleravam pagamentos para construtoras ligadas a execução de obras públicas em troca de propina de 2% sobre o valor pago. A quantia total paga para empresas é de R$ 110 milhões, conforme o Ministério Público. Ao g1, a Novacap afirmou que desconhece a íntegra da investigação, mas colabora integralmente "fornecendo todas as informações solicitadas pelas autoridades competentes" (veja nota completa mais abaixo). Ao todo, foram 28 mandados judiciais – 25 no Distrito Federal e três no Piauí. Os alvos são servidores, pessoas físicas, construtoras, mercados e a Novacap. Veja abaixo: Francisco José da Costa: principal articulador do esquema e chefe do Departamento Financeiro da Novacap Renato Sousa Santa: diretor financeiro da Novacap Eliane Bonifácio de Moraes Soares: assistente da Diretoria da Novacap à época e, atualmente, chefe da Divisão da Tesouraria Sosthenes Oliveira da Paz Aurélio Rodrigues de Castro: chefe da Divisão de Apoio Técnico à época e, atualmente, chefe da Divisão de Laboratório Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) Central Engenharia e Construtora Ltda Construteq Construções e Serviços Ltda GW Construções e Incorporações Ltda EB Infra Construções Ltda WF Construções e Incorporações Ltda Construtora Artec Belavia Comércio e Construções Ltda NG Engenharia Sigma Incorporações Construções Eireli LAN Empreendimentos e Construções Eireli A LAN Empreendimentos e Construções disse que vai se manifestar "em momento oportuno nos autos do processo, respeitando sempre a decisão judicial". A reportagem busca contato com os demais citados pelo Ministério Público. O principal alvo, segundo o Ministério Público Entrada da sede da Novacap, no SIA, em Brasília Google/Reprodução Francisco José da Costa, de acordo com a investigação, recebeu cerca de R$ 2 milhões em propina. O dinheiro era repassado para duas irmãs de Francisco e nas contas delas foram encontrados aproximadamente R$ 1 milhão. Destas contas, o dinheiro era distribuído para os servidores e familiares, diz a investigação. Em novembro de 2022, o MPDFT fez uma operação e, em 2024, houve o recebimento da denúncia de crimes de corrupção e organização criminosa cometidos pelo principal alvo da operação desta quinta-feira, que é servidor da Novacap. No entanto, ele permaneceu no cargo na companhia até 2025, diz o MP. Além dos mandados, a Justiça determinou: afastamento das funções públicas de Francisco José da Costa bloqueio de imóveis e veículos em nome dos alvos bloqueio de aproximadamente R$ 1 milhão nas contas de três investigados bloqueio de uma aeronave bloqueio de uma embarcação Operação da PF no Piauí Na operação no Piauí, um mercado no município de Batalha foi um dos alvos. No local, foram encontrados R$ 900 mil em dinheiro vivo. Segundo a investigação, o mercado é do Francisco José da Costa, servidor da Novacap, e da esposa dele. A suspeita é que o mercado foi usado para lavagem de dinheiro ilícito. As equipes da Polícia Federal encontraram mais R$ 300 mil na casa de outros três suspeitos. Como funcionava o esquema? Segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o esquema utilizava contas bancárias de servidores e familiares para lavar dinheiro ilícito. Dentro da Novacap, cada servidor desempenhava uma função para o esquema, desde agilizar o pagamento feito para as empresas até o repasse da propina. Nas empresas de construção investigadas, havia o responsável pelo envio do dinheiro aos familiares de servidores. O supermercado investigado recebeu quantias ilícitas também. Além disso, a investigação aponta que mesmo concorrendo em licitações públicas, as empresas que deveriam ser concorrentes, na verdade, se mantinham alinhadas e combinavam qual ficaria com cada contrato, sinalizando um esquema de cartel. O que diz a Novacap? "A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) informa que desconhece a íntegra da investigação, uma vez que transcorre de maneira sigilosa dentro do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A Novacap destaca que colabora integralmente com as investigações, fornecendo todas as informações solicitadas pelas autoridades competentes, e reitera seu compromisso com a transparência e a legalidade nos processos de contratação pública. Cabe ressaltar que as imagens veiculadas na mídia não têm qualquer relação com as dependências da empresa e nada do que foi mostrado ocorreu dentro da instituição. Apenas HDs e um pen-drive foram recolhidos pelos investigadores. As apurações seguem sob responsabilidade do MPDFT, e a Novacap confia na apuração rigorosa dos fatos, uma vez que é a maior interessada nos esclarecimentos dos fatos. A Novacap reforça sua disposição em continuar colaborando com a Justiça e em adotar todas as medidas internas necessárias para fortalecer seus mecanismos de controle, garantindo a regularidade dos seus processos e o fiel cumprimento da lei." 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